terça-feira, outubro 17

Timor - no país das maravilhas


Timor é isto mesmo, uma criança inocente e feliz, não pela t´shirt Adidas mas porque vive numa cabana de pedra e bambú...
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Vou contar umas histórias que tive a felicidade de presenciar neste país das maravilhas, situações que, para mim, habituado a uma cultura ocidental e tecnológica, me provocaram sentimentos tão estranhos e insólitos como surpreendentes e fascinantes...
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Efeito "balança"
Mais uma manhã de trabalho, hoje ficamos por Dili a preparar equipamentos no armazém, mas antes eu e o Monteiro (G.I.Joe) tivemos de passar pelas únicas bombas de combustível existentes no país, eu vou no banco do pendura e estou um bocado ensonado, o Monteiro sai para atestar o Jipe quando deparamos com um senhor já de idade dirigir-se para a bomba da frente, montado num burro, yha, num burro!!! Estanciona o burro ao lado da bomba e puxa a mangueira... que será que está para acontecer que eu não estou a perceber bem o que se passa ali à frente, pensei eu, mas o burro trazia uma bolsa de cada lado e numa das bolsas trazia dois jarricanos de 20 litros onde o senhor ía depositar o combustível. Enchidos os jarricanos o senhor paga e vai embora, mas uns 50 metros volvidos, como o peso ía todo só de um lado começou a escorregar, o senhor pára o burro, ajustou de novo as bolsas, como estas são uma de cada lado e ligadas por umas correias, então havia que compensar o peso da bolsa vazia para aquela que trazia os dois jarricanos não escorregar, e vai de meter pedras...
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A lei incompleta
Um dos maiores problemas que um condutor forasteiro encontra por toda a Ilha é, sem dúvida, os animais que se encontram na estrada, uns deitados, outros que se atravessam no momento em que vamos a passar, outros que nos fazem frente, os galos por exemplo, são quase todos galos de combate e quando estão na estrada e vêem o jipe de encontro a eles ainda fazem peito, temos mesmo de nos desviar porque eles são mesmo determinados ao confronto físico. Todos os animais nos podem trazer graves problemas, se são pequenos e não provocam danos no jipe, aparecem sempre logo à frente várias pessoas a reclamar o valor do animal que matámos, e nestas situações o animal tem muitos donos, mais vale pagar, acreditem, ou o animal é um búfalo e nós é que somos atropelados. Mas existem muitos outros, cabras, ovelhas, vacas, animais esses que são particulares, para não criar estes incomodos, tanto para os proprietários como para os condutores, o governo decretou uma lei em que todas as pessoas que possuem animais devem amarrá-los com uma corda... Até aqui tudo bem, começamos a ver os animais amarrados a uma corda, mas sabem que mais? Uns estavam amarrados a uma ponta da corda mas a outra ponta não estava amarrada a lado nenhum, outros interpretaram melhor a lei mas ainda assim insuficiente, amarraram os animais a uma ponta da corda e a outra ponta às árvores, mas o cumprimento da corda permitia que os animais atravessassem a estrada livremente, criando agora um novo problema para outro tipo de condutores, os motociclistas...
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"A mim não me enganas"
É prática comum os miúdos em Dili andarem a vender o que quer que seja, incluíndo uns cartões de carregamento de telemóvel, passo a explicar, o saldo do telemóvel é carregado da seguinte forma, vamos a uma loja e compramos um cartão de carregamento, pode custar 10, 15 , 20, 25 e 50 dólares, esse cartão contém um código que temos de raspar, escrevemos uma mensagem com esse código e enviamos para um número grátis da Timor Telecom, eles processam o código e fazem o carregamento com o valor do cartão que comprámos. Estavamos a jantar numa esplanada e apareceu um rufia com vários cartões de 15 dólares e pergunta se quero comprar um, eu precisava e naquela de negociar perguntei por quanto me vendia dois cartões, o míudo respodeu que dois era promoção, 30 dólares, o engraçadinho deve tar a gozar comigo, pensei eu, então perguntei-lhe quanto custavam os cinco cartões que ele tinha na mão, que eu ficava com todos... O míudo pára a olhar pra mim, mete o dedo indicador no lábio, olha para cima como quem está a fazer contas, e depois dos cálculos que fez responde-me assim: cinco cartões não vendo...

1 comentário:

Anónimo disse...

É bom ouvir.te falar destas experiências...! São coisas bonitas que guardamos e embora me tenha custado muito o tempo que la estiveste sei que foi algo que nuca vais esquecer,algo que guardarás para sempre na tua memória e uma experiência que te deixou a ver o mundo de outra forma... :D
Beijo muito grande...Gostei...